sábado, outubro 27, 2012

Refundação?

Aquilo a que Pedro Passos Coelho se refere como "refundação do memorandum da troika" significa, em versão descodificada, a intenção do governo em reduzir drasticamente o Estado Social, acusando-o de ser o responsável pelos altos impostos pagos pelos portugueses. Para tal não deixa de oferecer a maçã envenenada ao Partido Socialista, pedindo a sua colaboração para a "empreitada", e, sabendo que este não poderá deixar de recusar a "oferta", irá então acusar o PS de ser o responsável último pela impossibilidade de baixar os impostos pagos pelos portugueses. É esta a ideia, tentando introduzir uma clivagem entre os sectores da classe média com maiores rendimentos (que não recorrem ao ensino público e ao SNS) e os restantes, e é bom que António José Seguro prepare resposta adequada.    

3 comentários:

Joao Duarte disse...

Para quem defende que não existem gorduras nos Estado, qual é então a solução? Mais impostos ou menos funcionários públicos e menos apoio social? De algum lado tem de vir a correcção! Há vezes que não percebo o que defendem as pessoas de ideologia socialista e comunista em Portugal.

Como aquilo que hoje em dia gostam de chamar de forma algo prejurativa de neo-liberal, eu acredito num estado mais reduzido, ou seja, com menos peso na economia e menos apoio social, permitindo assim reduzir a carga fiscal e potencial o crescimento. Só não percebo o que a esquerda acredita. Já estou como o ministro, não querem pagar os serviços que acreditam serem responsabilidade do Estado. Gostava de um dia ouvir o PS falar na visão que realmente acredita para o país! Eu ainda não percebi qual é!

JC disse...

1º - Nos defensores do Estado Social não se incluem apenas os comunistas e socialistas.Democratas-cristãos, conservadores e liberais moderados, estão entre os seus defensores e os que, em toda a Europa, o ajudaram a construir. Querer reduzir o Estado Social, uma conquista civilizacional, aos comunistas", "socialistas" e restante esquerda é uma falácia, uma afirmação redutora e uma mistificação destinadas, ao identificá -lo com uma determinada ideologia, neste momento em refluxo, a facilitar o seu desmantelamento.
2- Falando agora por mim, nas minhas opções pessoais e enquanto defensor irredutível do Estado Social, não me oponho a uma reestruturação e racionalização da Administração Pública que possa, no final do dia, implicar despedimentos. Nunca a tal me opus, desde que isso não fosse feito "às cegas" mas sim estruturadamente. Tal deveria ter sido feito já há mtº tempo mas os governos, começando no de Cavaco Silva, sempre tiveram medo de enfrentar os sindicatos e sempre utilizaram o Estado para satisfazer clientelas políticas e obter ganhos eleitorais. Hoje em dia, na actual situação, c/ 16% de desemprego e a segurança social sobrecarregada, tal é bem mais complicado. De qualquer modo, o nº de funcionários públicos já é hoje bem menor do que há 5 anos.

JC disse...

Acrescentando: Opta-se pelo empobrecimento, pela recessão, o desemprego chega a níveis superiores a 16% (em Espanha 25%) c/ a respectiva sobrecarga da segurança social, com isso cobram-se tb menos impostos e está cozinhado o "caldo de cultura" para declarar a insustentabilidade do Estado Social. Meu caro, não nasci hoje e cresci e vivi num tempo em que a política era coisa séria e apenas na extrema-esquerda maoísta estava reduzida a uma vulgata feita de chavões e pensamento instantâneo "basta juntar água". Foi este tipo de pensamento, infelizmente, que a dtª ultraliberal herdou.